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I Jornada Pedagógica do projeto Mutirão Ciranda é realizada no SERTA, com agricultores

Por Serta
20/02/2020 | 04h:17

Foto: @henriqlee/SERTA

Começou na segunda-feira (17) e encerrou nesta quinta (20) a primeira Jornada Pedagógica do Projeto Mutirão Ciranda, realizada na Unidade Serta Glória do Goitá. Cerca de 40 agricultores/as de municípios da Região Metropolitana do Recife e da Zona da Mata do estado e representantes da Comissão Pastoral da Terra – CPT se reuniram, em regime de imersão, para aprofundar conhecimentos no campo da agroecologia, com oficinas, práticas agroecológicas e visita técnica.

O Projeto é uma tecnologia social que forma e potencializa ações produtivas de base agroecológica de agricultores familiares, em 22 municípios pernambucanos. É realizado pelo Serta e apoiado pela Fundação Banco do Brasil.

No Sítio Ribeirão, em Glória do Goitá, a 7km do centro da cidade e a 226m de altitude, mora Anderson Silva, 23 anos, junto com quatro irmão, pais e uma sobrinha. É de lá que garante parte da renda mensal da família. O lugar foi improdutivo por quase três décadas. A realidade mudou depois que Anderson começou a por em prática os ensinamentos do curso de agroecologia do Serta. A experiência do jovem foi vivenciada pelos demais participantes do Projeto que conheceram a propriedade.

O jovem semeou no lugar, de apenas um hectare, diversas árvores frutíferas, hortaliças, tubérculos, leguminosas; construiu curral para dois bois e uma égua e dois galinheiros, de onde são retirados e comercializados semanalmente aproximadamente 700 ovos.

“A minha ideia é tornar o lugar o mais sustentável e agroecológico possível, e a mudança tem acontecido aos poucos. A família vai entendendo a lógica do porquê de está sendo construído diferente da agricultura tradicional. E o Mutirão Ciranda tem sido oportunidade de acreditar e por em prática meu desejo de viver cem por cento da agricultura”, conta Anderson.

No sítio, as antigas queimadas das podas deram espaço a compostagem. As águas do banho, da pia e da lavagem de roupas já não poluem o solo e passaram a ser reaproveitadas na irrigação, através do círculo de bananeiras. O sistema de aquaponia em garrafas pet, que custou apenas R$ 80,00, produz hortaliças e cria minhocas que alimentam cerca de 50 peixes, tudo junto, num sistema integrado.

Foto: @henriqlee/SERTA

Durante a semana os participantes também tiveram oficinas de biofertilizante e compsotagem, manejo de aquaponia, práticas de podas, preparação de canteiros e plantio, estudos de concepções filosóficas do Mutirão Ciranda e vivências na Unidade Pedagógica Produtiva de Orgânicos – UPPO da Unidade Pedagógica do Serta Glória do Goitá.

“A jornada está sendo muito importante por fazer com que os agricultores troquem experiências entre si, de cada território, também de estar no Serta, nesse espaço que dá brilho nos olhos das pessoas, também de conhecer outras experiências fora do Serta e, acima de tudo, está sendo fundamental o contato humano, essa consciência da relação que é a base dos mutirões”, considera Nivaldo Nery, técnico em agroecologia do Serta.

A equipe do SERTA mobiliza, sensibiliza, dialoga e pesquisa junto às famílias e os demais atores sociais envolvidos, sobre as necessidades e potencialidades do lugar, a fim de melhorar a produção ou passar a produzir apoiado aos sistemas de base agroecológica, que gere renda e inclusão socioprodutiva. A partir daí surgem as formações e os mutirões, que são dinamizados de propriedade em propriedade, com a participação de todos, fazendo com que a troca de conhecimentos e de saberes sejam fundamentais.

“Somos uma comunidade de pessoas que queremos fortalecer as iniciativas das pessoas das nossas comunidades, fortalecer suas estratégias de luta, aprender a se empoderar do que faz, abrir caminhos para um outro jeito de viver a solidariedade e assumir um compromisso de provar que o mutirão é um instrumento viável, possível, de fácil acesso, que dá resultado técnico, pedagógico, financeiro, econômico e que deveria ser favorecido e estimulado pelas políticas de desenvolvimento”, considera Abdalaziz de Moura, mentor do PEADS – Programa Educacional de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável.

Foto: @henriqlee/SERTA

Paulo Santana, coordenador do Projeto, explica que este é um dos onze mutirões que serão realizados este ano: “o objetivo é organizar e fortalecer núcleos dos mutirões nas comunidades e municípios com a participação dos envolvidos, visando a transição agroecológica e geração de renda”.

Além da poda de árvores, o mutirão recolheu o lixo que estava espalhado na propriedade da agricultora Maria das Dores, da comunidade Jundiá, município de Timbaúba. E na propriedade das agriculturas Quitéria Calado e Irene de Lima, do distrito Serra Azul, município Palmares, o armazenamento de água foi feito com várias mãos.
“Nós construímos uma cisterna de 8mil litros d’água, da tecnologia de ferro e cimento, com malha pop, tela de pinteiro, areia, cimento e cola. Conseguimos agregar a comunidade, gente de fora do projeto, e foi um desafio para população que aprendeu a fazer a tecnologia também. Com ela pronta, o armazenamento da água vai ajudar na irrigação do plantio de bananeiras que estou fazendo e também nos canteiros de hortaliças”, conta Quitéria.

A jornada encerrou com a apresentação da Orquestra Divina Sinfonia, composta por crianças e adolescentes rurais, do município de Glória do Goitá, que participam do Projeto Criança Desenvolvendo Cidadania, realizado pelo Serta, com apoio do Itaú Social.

Foto: @henriqlee/SERTA

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